sábado, 25 de agosto de 2012

Cão de Memória Fraca


Num começo de manhã, um cachorrão entrou no açougue do velho João Pedro, com uma sacola presa à coleira. Postou-se no fim da fila e ficou esperando a vez de ser atendido. Ninguém estava nem aí pro animal, exceto um senhor chamado Astromar, que mudara de bairro havia uns cinco dias.
E o cão lá, na dele, linguão de fora. Quando chegou sua vez, o açougueiro perguntou:
- O que vai ser hoje, Rex?
O animal levantou a patona e apontou para o contrafilé, pendurado na tarimba.
- Quantos quilos?
O cachorrão deu dois latidos e o açougueiro pesou dois quilos de contrafilé.
- O que mais? – perguntou João Pedro.
O canino apontou para a alcatra.
- Quantos quilos?
E ele:
- Auf! Auf! Auf! – latiu três vezes e o açougueiro pesou três quilos da carne.
Enquanto a carne era pesada, o cão foi até atrás do balcão, sentou, e ficou com a língua balançando. Pesada a carne e devidamente embrulhada, o açougueiro retirou o pagamento de uma carteira presa à coleira e pôs as carnes dentro da sacola.
O cidadão que nunca tinha visto aquilo, ficou impressionado e resolveu seguir o Rex rua afora.
Cerca de uns duzentos metros adiante, o animal parou diante de um portão e começou a arranhar o dito cujo. Abriu-se o portão e surgiu uma senhora. Aí, o cachorro entrou lépido e fagueiro.
O cidadão que havia seguido o Rex ficou mais impressionado ainda. Aproximou-se da dona da casa e exclamou:
- Esse cachorro é magnífico! Vi o que ele fez lá no açougue. Ele é tremendamente inteligente!
E a madame:
- É... mas ele ultimamente anda muito esquecido. É a terceira vez esta semana que ele esquece de levar a chave dele!

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